Sinopse
Depois que um
atentado terrorista ceifa a vida do Presidente dos Estados Unidos e de grande
parte dos outros políticos eleitos, uma facção catolica toma o poder com o
intuito declarado de restaurar a paz. O grupo transforma o país na República de
Gilead, instaurando um regime totalitário baseado nas leis do antigo
testamento, retirando os direitos das minorias e das mulheres em especial. Em
meio a isso tudo, Offred é uma "handmaid", ou seja, uma mulher cujo
único fim é procriar para manter os níveis demográficos da população. Na sua
terceira atribuição, ela é entregue ao Comandante, um oficial de alto escalão
do regime, e a relação sai dos rumos planejados pelo sistema.
Sabe quando alguém está de
bobeira e acaba encontrando um artigo sobre uma série estreante que estava
destruindo todas as estruturas possíveis do entretenimento? Este era eu ano
passado, e a série era “The Handmaid’s Tale”. Criada por Bruce Miller com base no
livro “O Conto da Aia” de Margaret Atwood, esta série – vencedora do Emmy e do
Globo de Ouro de Melhor Série Dramática – tem como objetivo entreter através do
questionamento, e nos assustar com uma realidade que pode não estar tão
distante assim.
Uma crise de fertilidade atingiu
o mundo, e uma minoria religiosa extremista nos EUA pôs a culpa na cultura e na
sociedade, que estava se desviando dos “valores divinos”; com isto, dão um
golpe de estado e transformam o país na República de Gilead. Nela, diversas
minorias sociais ou figuras controversas são perseguidas: homossexuais, considerados
traidores do gênero, são condenados à morte ou ao trabalho escravo nas colônias
– local onde há grande concentração de lixo radioativo, o que se configura como
uma condenação indireta à morte; pastores evangélicos e médicos que realizaram
abortos sofrem o mesmo destino. Porém, a opressão às mulheres é a mais
assustadora; são negados a elas direitos básicos, como posse monetária, voto,
emprego e até mesmo ACESSO À LEITURA. Também, qualquer tipo de conhecimento
produzido por mulheres é destruído.
Elas são divididas em classes
(esposas, martas e aias), com as aias (handmaids, mulheres de fertilidade
comprovada) sendo enviadas para procriar para famílias abastadas, através de um
“ritual” forçado – e com participação das esposas. É interessante destacar que
os fatores que conduziram a esta realidade caótica foram a interpretação
literal e extremista de textos sagrados, além da distorção dos mesmos, aliada a
indiferença da população em relação às mudanças.
O estado de passividade é letal em uma sociedade onde direitos estão sendo arrancados. Na série, isto é feito de maneira assustadoramente sutil; sem nenhuma precedência, ações são tomadas para garantir a ascensão da facção religiosa. Claramente, houveram aqueles que tentaram resistir a isto, através de tentativas de rebelião e fuga.
O estado de passividade é letal em uma sociedade onde direitos estão sendo arrancados. Na série, isto é feito de maneira assustadoramente sutil; sem nenhuma precedência, ações são tomadas para garantir a ascensão da facção religiosa. Claramente, houveram aqueles que tentaram resistir a isto, através de tentativas de rebelião e fuga.
E isto nos leva a nossa
protagonista. Offred (interpretada maravilhosamente por Elisabeth Moss, que
também é produtora da série) é uma aia que vive na casa do Comandante Waterford
e sua esposa Serena Joy, figuras centrais da rebelião que instaurou Gilead. Antes
disso, ela se chamava June, era uma mulher comum que tinha um marido e uma
filha. É justamente a carência de alguma habilidade extraordinária que torna a
personagem forte; o fato dela ser “comum” mostra que isto é possível de
acontecer a todas, e aumenta a empatia para com ela. Outras figuras como Ofglen
(Alexis Bledel, a Rory de Gilmore Girls) e Moira (Samira Wiley, a Poussey de
OITNB) e seus respectivos papéis sociais – lésbica e negra – são exemplos de mulheres cujo modo de
subversão a um sistema pode ser o simples fato de existirem.
A série é do Hulu, serviço de
streaming americano, e está em sua segunda temporada (já renovada para a
terceira). Ao longo da primeira, é abordada a vida de Offred como aia de
Waterford, com sua vida anterior (como June) sendo mostrada em paralelo. É absurdamente chocante ver uma sociedade onde mulheres são reduzidas a nada, culpadas por qualquer coisa e submetidas a castigos físicos e mentais sem chance de revidar. Uma
verdadeira teia de relações vai conduzindo a trama, o que a torna viciante,
culminando em um final de temporada bárbaro, com um plot twist que nos leva a
segunda temporada... sobre a qual infelizmente não posso entrar em detalhes sem
evitar spoilers, mas posso garantir que está mantendo o nível.
Recomendo fortemente que assistam, com o olhar de telespectador e o olhar de ser humano, algo impossível de dissociar no caso desta verdadeira obra-prima.
Recomendo fortemente que assistam, com o olhar de telespectador e o olhar de ser humano, algo impossível de dissociar no caso desta verdadeira obra-prima.
Abençoado seja o fruto, e até
a próxima!
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