Um Estranho no
Ninho
Autor: Ken Kesey
Editora: Best Seller
Categoria: Drama
Editora: Best Seller
Categoria: Drama
ISBN: 978-85-7799-042-9
418 Páginas
1º Edição – 1962
418 Páginas
1º Edição – 1962
Sinopse
Um clássico da contracultura
que retrata os psicodélicos anos 60. O romance de Ken Kesey é inspirado em suas
próprias experiências quando participou de pesquisas com drogas psicoativas no
centro psiquiátrico do Menlo Park Veterans Hospital (Califórnia). Um estranho
no ninho é protagonizado por R. P. McMurphy, um preso que escapa da condenação
fingindo-se de louco. McMurphy é então internado em um hospício, sob a tutela
da sádica Chefona, a enfermeira Ratched, que comanda os internos com suas
rigorosas sessões de terapia e eletrochoque. Aos poucos McMurphy percebe que o
hospício pode ser muito pior que a prisão, nesse novo universo cercado de
pacientes inseguros, ansiosos e constantemente dopados. Pessoas que buscaram
refúgio da sociedade no hospício. Um livro louco, mas muito real.
“Um Estranho No Ninho” está
longe de ser uma leitura fácil. A realidade exposta por Ken Kesey pode até ser
distante daquilo que conhecemos em relação a tratamentos psicoterápicos
atualmente, porém ainda assim a sensação de incômodo permeia toda a leitura. A
maneira como os fatos são expostos de maneira crua acentuam o processo de
desumanização ao qual McMurphy e seus companheiros são submetidos na ala
psiquiátrica do hospital. Dos
tratamentos de eletrochoque ao controle metódico das atividades dos pacientes,
tais questões tornam a leitura ainda mais densa.
Em alguns momentos é
impossível discernir realidade de alucinação, tamanho é o estado de histeria.
Isto é evidenciado em trechos onde a enfermeira Ratched – um perfil
interessante, no limite entre a obsessão e a psicopatia, com uma capacidade de
dissimulação assustadora – e seus assistentes iniciam a emissão de uma suposta
neblina, capaz de alterar a percepção dos personagem em relação àquilo que
acontece ao redor dos mesmos. Outra situação envolve o período de descanso,
onde suspeita-se que Ratched controla a iluminação da ala psiquiátrica para que
os pacientes durmam pouco.
Em meio a uma realidade
doentia, Kesey acerta em cheio ao nos premiar com um personagem tão subversivo
como McMurphy, cuja “loucura” lúcida é o guia no meio do caos. Altamente
carismático, faz com que o leitor sinta vontade de querer conversar com ele,
saber o que se passava na sua mente quando decidiu fingir que era mentalmente
estável, embarcar em todas as travessuras propostas por ele. O fato do livro
ser narrado por Bromden, um dos pacientes mais longevos do local, acentua ao
leitor a aura messiânica que rodeia McMurphy.
As táticas que McMurphy usa
para tirar os colegas do estado de letargia são simples, porém significativas
considerando o nível da situação. Um dos exemplos mais clássicos é a excursão
promovida pelo personagem para a praia, ou o encontro de Billy Bibbit – outro
personagem cativante – com uma garota. É
possível inferir do texto o quanto a liberdade, em todos os seus aspectos
possíveis, é essencial para o ser humano, e que qualquer privação da mesma
resulta em consequências catastróficas.
Em tempos onde a liberdade de
expressão, de crença e de existência são ameaçadas por pessoas e táticas
perigosas, “Um Estranho no Ninho” se faz uma leitura necessária e urgente.
Aliado a isto, há o peso da questão mental – outro fator em discussão acalorada
na atualidade – atrelado, pois o dano psicológico ela surge como consequência
da privação de autonomia. Dessa forma, realço que este livro me trouxe uma
percepção de que arte e humanidade são conceitos indissociáveis.
Até a próxima resenha!
P.S.: Para aqueles cinéfilos
como eu, recomendo que assistam a adaptação do livro para as telas, estrelada
pelo maravilhoso Jack Nicholson.
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