quarta-feira, 6 de junho de 2018

Resenha: Um Estranho no Ninho - Ken Kesey - Editora Best Seller


Um Estranho no Ninho
Autor: Ken Kesey
Editora: Best Seller
Categoria: Drama
ISBN: 978-85-7799-042-9
 418 Páginas
1º Edição – 1962

Sinopse

Um clássico da contracultura que retrata os psicodélicos anos 60. O romance de Ken Kesey é inspirado em suas próprias experiências quando participou de pesquisas com drogas psicoativas no centro psiquiátrico do Menlo Park Veterans Hospital (Califórnia). Um estranho no ninho é protagonizado por R. P. McMurphy, um preso que escapa da condenação fingindo-se de louco. McMurphy é então internado em um hospício, sob a tutela da sádica Chefona, a enfermeira Ratched, que comanda os internos com suas rigorosas sessões de terapia e eletrochoque. Aos poucos McMurphy percebe que o hospício pode ser muito pior que a prisão, nesse novo universo cercado de pacientes inseguros, ansiosos e constantemente dopados. Pessoas que buscaram refúgio da sociedade no hospício. Um livro louco, mas muito real.




“Um Estranho No Ninho” está longe de ser uma leitura fácil. A realidade exposta por Ken Kesey pode até ser distante daquilo que conhecemos em relação a tratamentos psicoterápicos atualmente, porém ainda assim a sensação de incômodo permeia toda a leitura. A maneira como os fatos são expostos de maneira crua acentuam o processo de desumanização ao qual McMurphy e seus companheiros são submetidos na ala psiquiátrica do hospital.  Dos tratamentos de eletrochoque ao controle metódico das atividades dos pacientes, tais questões tornam a leitura ainda mais densa.

Em alguns momentos é impossível discernir realidade de alucinação, tamanho é o estado de histeria. Isto é evidenciado em trechos onde a enfermeira Ratched – um perfil interessante, no limite entre a obsessão e a psicopatia, com uma capacidade de dissimulação assustadora – e seus assistentes iniciam a emissão de uma suposta neblina, capaz de alterar a percepção dos personagem em relação àquilo que acontece ao redor dos mesmos. Outra situação envolve o período de descanso, onde suspeita-se que Ratched controla a iluminação da ala psiquiátrica para que os pacientes durmam pouco.


Em meio a uma realidade doentia, Kesey acerta em cheio ao nos premiar com um personagem tão subversivo como McMurphy, cuja “loucura” lúcida é o guia no meio do caos. Altamente carismático, faz com que o leitor sinta vontade de querer conversar com ele, saber o que se passava na sua mente quando decidiu fingir que era mentalmente estável, embarcar em todas as travessuras propostas por ele. O fato do livro ser narrado por Bromden, um dos pacientes mais longevos do local, acentua ao leitor a aura messiânica que rodeia McMurphy.

As táticas que McMurphy usa para tirar os colegas do estado de letargia são simples, porém significativas considerando o nível da situação. Um dos exemplos mais clássicos é a excursão promovida pelo personagem para a praia, ou o encontro de Billy Bibbit – outro personagem cativante – com uma garota.  É possível inferir do texto o quanto a liberdade, em todos os seus aspectos possíveis, é essencial para o ser humano, e que qualquer privação da mesma resulta em consequências catastróficas.

Em tempos onde a liberdade de expressão, de crença e de existência são ameaçadas por pessoas e táticas perigosas, “Um Estranho no Ninho” se faz uma leitura necessária e urgente. Aliado a isto, há o peso da questão mental – outro fator em discussão acalorada na atualidade – atrelado, pois o dano psicológico ela surge como consequência da privação de autonomia. Dessa forma, realço que este livro me trouxe uma percepção de que arte e humanidade são conceitos indissociáveis.

Até a próxima resenha!

P.S.: Para aqueles cinéfilos como eu, recomendo que assistam a adaptação do livro para as telas, estrelada pelo maravilhoso Jack Nicholson.




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