segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Resenha: VOX - Christina Dalcher - Editora Arqueiro



Vox

VOX
Autora: Christina Dalcher
Editora: Arqueiro
Categoria: Ficção
ISBN: 9788580418262
320 Páginas
1ª Edição - 2018


Sinopse



O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade.

Esse é só o começo...

Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir.

...mas não é o fim.

Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.






Eu conheci o livro no evento de parceiros da Editora Arqueiro em agosto (período da Bienal), fiquei super curiosa a respeito e quando chegou o lançamento eu não resisti e solicitei ele.

Eu imaginava que seria muito bom, mas não esperava que fosse ser tão intenso e tão instigante, envolvente, atual, inspirador. No decorrer da leitura eu só pensava: não vou conseguir fazer uma resenha a altura do livro e por isso eu decidi não tentar, apenas falar o que achei.

Uma história que desconstrói todas as bases de uma vida moderna; mostra o quanto um governo pode influenciar nas vidas de um país e no rumo deste; dá margem ao leitor para pensar no quanto nossas decisões cívicas são importantes para o futuro individual e geral; e que o preconceito é ensinado.


"Tento me convencer de que não é minha culpa. Eu não votei no Myers.
Na verdade, eu não fui votar." P. 97


Com uma escrita envolvente, que mistura passado e presente de uma forma leve e imperceptível, simplesmente faz com que o leitor se sinta parte da história, vivenciando tudo com a narradora - como era antes e como passou a ser, tanto no núcleo familiar, quanto na sociedade, quanto no governo - um retrocesso.


"Agora as coisas são assim: temos uma cota diária de cem palavras por dia. Meus livros e revistas - até os exemplares antigos e Julia Child e  (que ironia) uma publicação para donas de casa que uma amiga me deu como um presente de casamento brincalhão - estão trancados em armários para que Sonia não possa pegá-los. Isso significa que eu também não posso. Patrick guarda as chaves como um fardo, e às vezes acho que esse peso que o faz parecer mais velho." P. 20


É uma exibição fictícia, mas que retrata a realidade de forma perfeita, do quanto as pessoas podem ser influenciadas pelo sistema e por uma imagem bem construída, mesmo que seja de forma negativa.


"... Com seis anos, Sonia deveria er um exército de dez mil lexemas, soldados que se reúnem, ficam em posição de sentido e obedecem às ordens dadas por seu cérebro pequeno e maleável. Deveria, se os três elementos básicos (leitura, escrita e aritmética) não estivessem reduzidos a um: aritmética simples. Afinal de contas, um dia minha filha deverá fazer compras e cuidar da casa, ser uma esposa dedicada e obediente. Para isso é preciso aprender matemática, não soletração. Ela não precisa de leitura. Muito menos de voz."
P. 08


Personagens únicos, com seus pecados e seus acertos. Personagens que o leitor acaba criando um preconceito baseado na ideia que outros personagens têm deles e depois nos surpreendemos (positivamente ou não). Personagens fortes e dispostos a lutar.

Um dos melhores livros que li esse ano! Mas apesar disto, para mim, faltou desenvolvimento do final, foi corrido - mais umas 20 páginas, teriam feito toda a diferença e teriam deixado o final do livro a altura de toda a história.

Impossível não falar: QUE CAPA! A capa por si só é impactante. A diagramação foi precisa e as tradução e correção impecáveis.

Todo mundo deveria ler esse livro; todo mundo precisa absorver os ensinamentos desse livro. E, sempre que eu puder, darei de presente ele!


"É difícil identificar contra o que - ou quem - estávamos protestando. Sam Myers era uma opção terrível para presidente. Jovem e inexperiente em políticas importantes, com formação militar de um ano no curso preparatório de oficiais da reserva na época de faculdade, Myers fez sua corrida presidencial apoiado em duas muletas. Bobby, seu irmão mais velho e senador de carreira, dava os conselhos práticos, um monte de bosta. A outra muleta era o reverendo Carl, fornecedor de votos, o homem a quem as pessoas ouviam. Anna Myers, bonita e popular, não prejudicava a campanha, se bem que no final a campanha a prejudicou. Muito." P. 179

Espero que você leia e que ele cause efeitos em você.

Até a próxima!

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