quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Resenha: A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra - Robin Sloan - Editora Novo Conceito



A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra
Autor: Robin Sloan
Editora: Novo Conceito
Categoria: Aventura / Ficção
ISBN: 978-85-8163-023-6
288 Páginas
1º Edição – 2013


Sinopse


A recessão econômica obriga Clay Jannon, um web-designer desempregado, a aceitar trabalho em uma livraria 24 horas. A livraria do Mr. Penumbra — um homenzinho estranho com cara de gnomo. Tão singular quanto seu proprietário é a livraria onde só um pequeno grupo de clientes aparece. E sempre que aparece é para se enfurnar, junto do proprietário, nos cantos mais obscuros da loja, e apreciar um misterioso conjunto de livros a que Clay Jannon foi proibido de ler. Mas Jannon é curioso…


Minhas Impressões


Normalmente quando se fala na história do livro vem a mente Gutenberg e sua maior invenção, a prensa tipográfica. Talvez seja uma das maiores ou mesmo a maior invenção da humanidade. Até então todos os registros de qualquer natureza eram precários e únicos. Quase não existiam cópias desses registros, afinal se alguém escrevesse um livro ou qualquer coisa do gênero e quisesse dar ou vender para alguém teria que escrevê-lo novamente. A prensa mudou tudo, ainda era muito difícil no começo, mas a partir de então os escritores da época podiam fazer cópias de seus registros e livros e divulgar ao mundo. Daí até a invenção da internet foi um pulo em termos da existência da humanidade, mas convenhamos que muita coisa aconteceu de lá para cá. O livro se tornou a peça mais importante dessa engrenagem, o mundo passou a existir nos livros, durante muitos anos foi o principal meio de divulgação de informação, começaram a ser bem elaborados, e um dos principais problemas era como e onde guardá-los. Surgiram as bibliotecas e com o tempo toda a aura, por vezes místicas, que envolviam esses lugares. Cada um queria que a sua biblioteca fosse a maior e a melhor, com a maior quantidade e os melhores livros, e algumas tinham uma sala exclusiva, muitas vezes proibida, com livros especiais que poucos tinham o privilégio de ler. Alguns livros se tornaram tão místicos e proibidos que pareciam conter todos os segredos da existência da humanidade, do passado e do futuro. Não por acaso o primeiro livro impresso por Gutenberg foi a Bíblia, até hoje um dos livros mais lidos e místicos de todos os tempos. 

"A Livraria 24hs do Mr. Penumbra" conta como se desenrola essa história nos dias de hoje, com toda a tecnologia que conhecemos e a que ainda não imaginamos, e a relação que temos com essa tecnologia e os livros, a peça mais importante desse blog. Clay Jannon, depois de ficar desempregado por causa de uma crise no setor alimentício consegue um emprego como atendente noturno de uma livraria pra lá de esquisita, e do modo mais tradicional possível, depois de ver o cartaz de procura-se atendente na vitrine da loja. O Sr. Penumbra exige três regras básicas para o trabalho, tem que ser pontual, não pode ler os livros e tem que fazer uma descrição detalhada dos clientes, que são tão esquisitos quanto a livraria e mais parecem membros de um clube do que clientes. Clay trabalhou e convive com pessoas que trabalham com tecnologia, pessoas que criam programas que ajudam a preparar a bagel perfeita, que acham que grande parte da vida é feita de bits, pessoas que acham que no futuro vamos evoluir além de nossos corpos e viver numa espécie de sublime mundo digital. Sua namorada Kat Potente trabalha no Google, seu colega de quarto Mat na ILM de George Lucas, são pessoas que trabalham com tecnologia, imaginação e criatividade, e sonham construir um mundo melhor. Clay percebe que os clientes da livraria seguem certo padrão na escolha dos livros que vão levar e que esses livros parecem ter uma espécie de código que estão tentando de decifrar, também estão há anos se dedicando a isso, devotando suas vidas para talvez descobrir o que parece ser o segredo mais importante da humanidade, algo como o segredo da imortalidade, a pedra filosofal, a fonte da juventude ou talvez algo mais grandioso ainda. Então Clay pensa, e se todo o conteúdo desses misteriosos livros estivesse em um poderoso programa de computador que o processasse em questão de meses, dias ou mesmo em algumas horas o que tem sido feito por anos e anos? Será que o resultado mudaria o que conhecemos sobre a humanidade? 

É de conhecimento de todos que existe uma guerra não declarada entre livros e tecnologia. O que muitos parecem não perceber é que a tecnologia pode até complementar o livro, mas aparentemente nunca tomará o seu lugar. Ou seja, por mais que muitos possam não gostar, o livro provavelmente nunca perderá o seu lugar, e podemos dizer que uma das principais razões para isso é que um livro não precisa ter a bateria recarregada para ser lido. Como contraponto tem que em um e-book ou um i-pad cabem dezenas ou centenas de livros e é muito mais fácil carregar essa biblioteca para qualquer lugar. Embora haja pessoas que digam que uma das coisas boas de um livro é seu cheiro, para Mr. Penumbra quando se chega nesse ponto é que está tudo acabado, um livro pode conter a vida de uma pessoa, então não pode se resumir a gostar do cheiro, é muito mais, é eterno. Na livraria do Mr. Penumbra não existe tecnologia de ponta, a única coisa parecida com isso e um velho Mac Plus, Clay e seus amigos vão tentar mudar um pouco o modo como as coisas funcionam na livraria e embarcam numa aventura de muitos mistérios que envolvem pessoas ainda mais misteriosas.Grande parte da aventura se passa em São Francisco mas uma parte importante acontece em Nova York, duas cidades emblemáticas em termos de tecnologia mas que também tem um apelo cultural muito grande e importante. 

E o que é a leitura de um livro hoje? É o mesmo que no passado? Com o acesso a informações que temos hoje em dia a nossa relação com a leitura não é mais a mesma? Parece que hoje em dia são poucas pessoas que possuem uma enciclopédia em uma biblioteca ou que compram uma enciclopédia, temos tudo, ou achamos que temos tudo na internet. E se a internet deixasse de existir, como faríamos? Clay acha que não dá pra viver sem internet, que a internet tomou o lugar de muitas coisas que usávamos e quase não usamos mais, como correio e telefone, para ele o telefone só traz más notícias. “Se é alguma coisa divertida ou excitante, como um convite para uma festa ou um projeto secreto em andamento, isso vem pela internet.” 

Talvez para cada pessoa um livro tenha uma espécie de código que só quem lê poderia decifrar, um código para decifrar muitos mistérios e, ás vezes, mudar uma vida para sempre. Sempre haverá a paixão pelos livros, mesmo lendo em um meio eletrônico, parece até que não há livros ruins, há livros ideais para cada um, é só ler. Enquanto houver leitores apaixonados, sempre haverá uma livraria como a do Mr. Penumbra para nos mostrar os mistérios da vida.

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