segunda-feira, 27 de março de 2017

Resenha: Os 13 Porquês - Jay Asher - Editora Ática



Os 13 Porquês 

Autor: Jay Asher 
Editora:Ática 
Categoria: Ficção/ Literatura Estrangeira/ Suspense/ Mistério 
ISBN: 9788508126651 
256 Páginas 
1ª Edição: 2009


Sinopse

Ao voltar da escola, Clay Jensen encontra na porta de casa um misterioso pacote com seu nome. Dentro, ele descobre várias fitas cassetes. O garoto ouve as gravações e se dá conta de que elas foram feitas por Hannah Baker, uma colega de classe e antiga paquera, que cometeu suicídio duas semanas atrás. Nas fitas, Hannah explica que existem treze motivos que a levaram à decisão de se matar. Clay é um desses motivos. Agora ele precisa ouvir tudo até o fim para descobrir como contribuiu para esse trágico acontecimento.





“Acho que essa é a questão central. Ninguém sabe ao certo o impacto que tem na vida dos outros.” - Hannah Baker.




Então, quero começar dizendo que essa é de longe uma das resenhas mais difíceis que tive de fazer, não porque foi uma experiência ruim ou coisa do tipo, mas porque essa foi uma das experiências talvez mais dolorosas até hoje e é bem difícil tentar descrever as nuances por trás do suicídio de Hannah Baker em “Os 13 Porquês”.


“Era exatamente isso que eu queria para mim. Queria que as pessoas confiassem em mim, apesar de qualquer coisa que tivessem ouvido. E, mais do que isso, queria que me conhecessem. Não aquilo que pensavam saber a meu respeito. Mas eu de verdade.” - Hannah Baker.

Pra começar, é bom deixar claro que de cara somos apresentados a Clay Jensen, o garoto descrito como legal e compreensivo, o garoto em que todos buscam uma falha por ser tão perfeito e bem visto. Dessa forma, nossa narrativa inicia-se no presente, após todos os acontecimentos de um longo dia na vida dele, depois de receber uma caixa misteriosa contendo sete fitas cassete enumeradas em cada lado de 1 a 13 (a sétima fita só possui o número treze de um lado e nada do outro lado). Assim, nosso personagem segue numa excruciante jornada em busca de compreender o motivo que o levou a receber a misteriosa caixa, que de acordo com a primeira fita cassete trata-se de 13 acontecimentos motivadores para o suicídio de Hannah Baker, sua colega de escola e também a garota por quem era apaixonado.

“Eu me lembro agora. Da última vez que te vi.Lembro das últimas palavras que dissemos um para o outro.Quando o sinal tocou e saí para o corredor, lá estava você.Quase esbarramos um no outro. Mas seus olhos estavam voltados para baixo, por isso você não sabia que era eu. E, juntos, nós dissemos: “Sinto muito”Aí, você ergueu o olhar. Você me viu. E o que era aquilo nos seus olhos? Tristeza? Dor? Você deu a volta em mim e tentou empurrar o cabelo de lado, para afastá-lo do rosto. Suas unhas estavam pintadas de azul escuro. Fiquei olhando você descer um trecho longo do corredor, com as pessoas esbarrando em mim. Eu não estava ligando para isso.Fiquei ali parado, vendo você desaparecer. Para sempre.” - Clay Jensen.


Em segundo lugar, não dá pra deixar de citar o quão incrível, embora seja um pouco difícil de acostumar inicialmente, é a estrutura narrativa do livro, que se divide entre narrações contidas nas fitas de Hannah e as reações e acontecimentos que cercam Clay nos momentos em que ele busca compreender as situações e segue as pistas deixadas por ela num mapa colocado no armário dele algumas semanas antes da morte dela (TUDO NUM MESMO CAPÍTULO! DUAS NARRAÇÕES DIFERENTES NUM MESMO CAPÍTULO! E ISSO SEGUE ATÉ O FIM DO LIVRO). Desse modo, o livro desenvolve uma narrativa consistente e intrigante, despertando no leitor sempre o desejo de querer saber mais, bem como, proporcionando momentos de identificação de acordo com as reações de Clay (que parecem ser as reações que cada situação deveria despertar no leitor).


“Fiquei pensando em suicídio. Na maioria das vezes, era apenas um pensamento passageiro. Eu queria morrer. Pensei nessas palavras muitas vezes. É algo difícil de dizer em voz alta. É ainda mais assustador quando você sente que pode estar falando sério.” - Hannah Baker.


É bom citar, também que, em momento algum em suas fitas cassetes Hannah culpa cada um dos seus 13 motivos por a levarem a cometer suicídio, não! Eles apenas desencadearam situações que como numa bola de neve, onde algo inicialmente pequeno se desenvolve tomando proporções gigantescas, ocasionaram outras reações e a levaram a tomar a difícil decisão de tirar a própria vida. Assim, Jay Asher deixa bastante claro em seu livro, que sua intenção em momento algum é de culpar agentes externos por levarem a personagem a cometer suicídio, mas sim, a de mostrar a nós leitores que pequenas atitudes, por menores que pareçam, podem machucar as pessoas de maneiras que não somos capazes de imaginar e essas pequenas mágoas unidas a outras situações em suas vidas podem leva-las a tomar decisões como a da personagem.



“Ao me conscientizar de que ninguém sabia a verdade a respeito da minha vida, meus pensamentos sobre o mundo ficaram abalados.Como se estivesse dirigindo por uma estrada acidentada e perdendo o controle do volante, sendo jogada - só um pouquinho - para fora da pista. As rodas levantam poeira, mas você consegue puxar o carro de volta. Mesmo assim, não importa que esteja segurando bem firme no volante, não importa o quanto esteja se esforçando para tentar guiar em linha reta, algo fica empurrando você para o lado. Você já não tem quase mais nenhum controle sobre nada. E, a certa altura, a luta se torna excessiva - cansativa demais - e você considera a possibilidade de largar tudo. De deixar acontecer uma tragédia… ou seja lá o que for.” - Hannah Baker.


Para finalizar, gostaria de indicar a leitura do livro para qualquer um que ama um bom suspense adolescente contendo uma narrativa diferenciada e que tem curiosidade a respeito de temas tão delicados quanto esse (que infelizmente é estigmatizado e visto de maneira tão superficial em nosso contexto social). Enfim, “Os 13 Porquês” é um livro bastante intrigante, curioso, emocionante, delicado (Hannah tem o poder de fazerem as lágrimas surgirem, posso dizer isso) e acima de tudo sutil.


“- Como você está se sentindo hoje?- Neste exato momento?- Neste exato momento.- Neste exato momento, me sinto perdida, eu acho. Meio vazia.- Vazia como?- Simplesmente vazia. Simplesmente nada. Não me importo mais.”

É isso pessoal, até a próxima! Espero que deem uma chance para a história de Hannah e se sensibilizem com os acontecimentos narrados por ela (O livro foi adaptado pela Netflix e sua série estreia na próxima sexta-feira 31/03/2017, contendo 13 capítulos, um para cada porquê).


Obrigado.






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